segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Já fui a Portugal Parte I - o relato possível de uma viagem feita sem o minímo planeamento

Mas porque é que o despertador está a tocar a esta hora?? E onde é que o meu homem vai com tanta pressa???

- Mulheri, cuméqué??? Tá no ir ou nem por isso??
- Que horas são?? Deixa-me dormir, estou cheia de sono.
- Não quero saber disso para nada, ou sim ou sopas. Cuméqué???
- Tá bem. Eu vou, mas deixa-me dormir mais um bocado.
- Prontos, vou tratar da mota.

Eu devo estar doida, acabei de dizer ao meu marido, ainda meio a dormir, sem perceber muito bem o que estava a fazer, que alinhava ir com ele de mota até Portugal.

Endoidei de vez, só pode. Não é que eu não goste de andar de mota, até gosto e bastante, mas 2800Kms???

- Mas, amorzinho, e a mota está em condições??
- Sim, já pus óleo na corrente e vi o nível do óleo.
- Só isso??
- Quer-se dizer, já mudei o pneu da frente a semana passada. Não falta mais nada.
- E não é preferível fazer a revisão???
- Paquê??? O mais que pode acontecer é ficares pelo caminho, logo se chama a assistência em viagem.

A sério, isto não está a acontecer. É um pesadelo, só pode. Belisca-te, acorda. Aiiii, isso dói.

- Vai tomar banho, tens 5min.
- Mas eu quero dormir mais.
- Andor, já só tens 4.

Bem, não tenho hipóteses. Vou-me despachar e logo se vê o que vai sair daqui.

- E o que é que estavas a pensar fazer??
- Bem, arrancamos até Paris, ficamos lá uns dias, namoramos um bocado e tal, arrancamos para Bordéus, curvões nos Pirenéus, comprar uns recuerdos em Madrid e depois logo se vê.

O meu marido é uma pessoa muito organizada para certas coisas, mas quando é para andar de mota, “depois logo se vê”. E eu vou na conversa dele. Arrghhhhh.

Bem, com esta conversa toda, já são 10:15h. Já tomámos o nosso costumeiro pequeno-almoço, já fizemos a “mala”, pusemos tudo na mota e agora o costumeiro ritual, blusão, capacete e luvas.

Caso não tenham reparado, esta viagem não foi minimamente preparada. Já tinha falado com o meu marido que queria ir a Portugal, mas de avião, e ele já me tinha tentado convencer a fazer isto, mas eu não me descosi.

Bem, agora já está. Seja o que Deus quiser. E lá arrancámos a caminho de Paris, a cidade das luzes, a nossa primeira paragem. São 500 Kms de Wageningen até Paris, mais coisa menos coisa. Claro que só chegamos a Paris passados uns dias porque quando parámos para cafézinho na AE, o meu marido se lembrou de me perguntar se eu não queria ir a Gent, na Bélgica.

- Olha lá, tava aqui a pensar...
- O quê?? Quando tu te pões a pensar, nunca sei o que vai sair dai.
- Não tinhas dito não sei quê e tal que querias ir a Gent ou qualquer coisa do género??
- Sim, por acaso, até gostava.
- Ok, até fica de caminho e tudo.
- Mas não tens que te desviar muito??
- Ora, isso mais 300 menos 300, não há-de ser nada.

Pois, e eu que ao fim de 100Kms, já não sentia o traseiro. Acabámos por passar o dia em Gent. É muito bonita, não há duvida. Parece uma cidadezinha de brinquedo.

Andámos de barco pelos canais, vimos castelos, Igrejas, catedrais, monumentos vários, infelizmente, esquecemos-nos da máquina fotográfica, uma boa desculpa para cá voltarmos, comemos num restaurante tipicamente "Belga", o Pizza Hut, namorámos muito, andamos kms a pé e quando eu já desesperava por uma caminha, o meu marido lembrou-se desta.

- Olha lá, tu não tinhas dito que também querias ir a Bruges??? São só mais uns Kms.
- Não, eu quero dormir. Percebes??? DORMIR.
- Tens tempo para dormires quando chegarmos a Portugal. Olha lá, que eu só vou dizer isto uma vez. Arrancamos para Bruges, arranjamos para lá um hotel baratuxo, tipo F1 ou Etap, metemos lá as tralhas e vamos pós copos depois.
- Eu quero dormir, estou cansadíssima.
- Já dormes, anda lá.

E prontos, lá fui eu arrastada novamente para as maluqueiras do meu homem. Não sei onde é que ele vai buscar tanta energia.

Mas lá chegámos a Bruges e fomos directamente para o Hotel, abençoado GPS. Quais copos, qual quê, eu quero é dormir o meu sono de beleza.

- Bem, já que estás nesse estado, vou sozinho até ao bar aqui em frente.
- Mas tu não estás cansado depois disto tudo?
- Um bocado, mas estavam ali umas louras a meter-se comigo.
- QUÊ?????
- Não estava a falar das louras giras que estão a servir no bar, era das cervejas mesmo.
- AH BOM.
- Ó amorzinho, tu sabes que eu só tenho olhos para ti quando não estou a olhar para as outras.

Pois, com a verdade me enganas. Não fossem esses olhos verdes, não sei, não. Bem, e agora vou dormir. Boa noite.

A Tia Maria.

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